segunda-feira, 31 de março de 2008

CARTILHA DE ACESSIBILDADE


"O prefeito de Uberlândia apresentou na manhã desta sexta-feira, dia 28, na sala de reuniões de seu gabinete, a Cartilha de Acessibilidade contendo uma seleção dos principais desenhos técnicos referenciados nas legislações municipal e federal. Elaborada pelo Núcleo de Acessibilidade da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente, a cartilha será mais uma ferramenta de apoio técnico disponível para ajudar a sanar dificuldades e contribuir para que Uberlândia continue como exemplo de boas práticas em acessibilidade. Um dos critérios para a elaboração da Cartilha de Acessibilidade foi fornecer informações técnicas e ilustrações de fácil compreensão e pouco texto, valorizando cada detalhe referente a parâmetros para portas, barras de apoio, atendimento, dormitórios, salas de espera, corredores, corrimãos e guarda-corpo, rampas, travessias, calçadas, estacionamentos, acesso provisório, piso tátil, sinalização tátil, altura para comandos, além de apresentar os símbolos internacionais e sinalizações de acessibilidade. A Cartilha traz ainda dicas de comportamento diante de pessoas com deficiência, Leis, Diretrizes e Decretos sobre acessibilidade.A Cartilha será distribuída Núcleo de Acessibilidade da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente, nos balcões de atendimento da Prefeitura, no Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência (Compod) e suas entidades parceiras, e demais órgãos que trabalhem com construção civil. Além disso, será disponibilizada uma versão para download no portal Prefeitura e para as pessoas com visão reduzida, a cartilha estará disponível no formato áudio-visual.

Acessibilidade em Uberlândia:

No transporte coletivo são 90 ônibus com elevador e 2 ônibus piso baixo. Renovando a frota do Transporte Acessível, o prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão, entregou à população em janeiro deste ano, 50 vans zero quilômetro, adaptadas com elevadores para o transporte de cadeirantes. O Sistema Acessível presta atendimento mensal de 6.200 viagens e beneficia mais de 680 pessoas com deficiência física.A cidade possui mais de duas mil rampas no hipercentro e nas principais vias dos bairros, além do Corredor da João Naves com acessibilidade plena.Todas as Escolas da rede municipal de ensino são acessíves.Arena Multiuso Tancredo Neves (Sabiazinho) foi construída com total acessibilidade e o estádio João Havelange, reformado em 2006.Publicação no Caderno 6 de “Boas Práticas em Acessibilidade”, do Ministério da das Cidades, reconhecendo o trabalho de acordo com a legislação e normas de acessibilidade. A Secretaria de Planejamento Urbano e Meio Ambiente disponibiliza seis modelos de projetos arquitetônicos de plantas populares para construção com acessibilidade gratuitamente."

(fonte: http://www3.uberlandia.mg.gov.br/noticia.php?id=1772)

sexta-feira, 28 de março de 2008

Arquiteta e Urbanista Raquel Rolnik é eleita relatora especial da ONU para o Direito à moradia


Raquel Rolnik é muito conhecida principalmente pelos profissionais que atuam na área do Urbanismo ou Planejamento Urbano. Sua atuação como chefe do Programa de Urbanismo do Ministério das Cidades tornou o assunto Planos Diretor Participativo um tópico muito debatido nos anos de 2005 e 2006 em que se apostou na possibilidade de um ordenamento e ocupação territorial menos excludente e alienante.
Sua indicação como relatora especial da ONU para Direito à Moradia acentua os espaços que o arquiteto e urbanista pode ocupar além de ser esta uma estratégia do governo federal buscando ampliar a atuação do Brasil na Organização das Nações Unidas. O trabalho acadêmico da arquiteta busca detectar a contradição existente entre a legislação que regulamenta a cidade legal e a realidade contraditória de ocupações tratadas como clandestinas pela grande mídia e mercado formal de moradia.

A demanda por moradia no Brasil é tema constante nos debates sobre as cidades brasileiras. Apesar de necessitar de uma análise mais aprofundada das efetivas ações do Ministério das Cidades, pensamos que este "boom" de moradia que vem caracterizando o Governo Lula deve-se à atuação dos Urbanistas dentro do Ministério e no Conselho das Cidades . Estes seriam os formatadores de uma política habitacional que há muito não existia no Brasil desde o fim do BNH. As pesquisas em torno da habitação avançaram muito todos estes anos mas percebemos que os gestores públicos continuam a tratar do assunto como assistência social e usando o modelo de habitação não muito diferente do modelo implantado pelo BNH (Banco Nacional de Habitação). Contribui para a reprodução deste modelo a cultura da população em sonhar com sua pequena "fazenda" ou "feudo" de lotes particulares muito pouco adensados e distantes dos centros urbanos. A atuação da arquiteta na ONU poderá também ser uma grande possibilidade de encontrarmos, ou melhor, recriarmos outros modelos de ocupação e moradia, visto que agora terá contato com a diversidade existente no mundo todo.

Livros de sua autoria:
A Cidade e a Lei - Ed. Studio Nobel
O que é Cidade - Ed. Brasiliense
São Paulo - Ed. Publifolha

sexta-feira, 14 de março de 2008

Amsterdã legaliza sexo ao ar live




Principal parque da cidade libera afagos noturnos para brecar a homofobia
13.03.08 18:05

Jonty Skrufff (jonty @ skrufff.com)

Conselheiros holandeses apresentaram novas leis essa semana legalizando o sexo ao ar-livre no Vondelpark, famoso parque de Amsterdã, como parte de uma campanha não-ortodoxa para brecar a violência homofóbica.A rádio local Radio Netherlands noticiou que os ataques a gays é um problema crescente na cidade famosa por sua tolerância, e alertou ainda que homens gays que visitam a área de paquera do Rose Garden, dentro do parque, estão correndo sério risco.“A polícia diz que será mais fácil protegê-los se eles puderem se acariciar em público”, explica a rádio. “Uma rapidinha escondida entre arbustos, que geralmente acontece por medo de multas, transformam os gays em alvos fáceis para eventuais ataques.”“Porque deveríamos nos opor à uma regra de algo que você não pode controlar? Além disso, não é um estorvo para outros visitantes e proporciona muito prazer a um certo grupo de pessoas”, disse o conselheiro-chefe Paul van Grieken, explicando a nova política.
SEX ALLOWED!“Mas ainda há regras”, ele adiciona. “As pessoas devem levar a sujeira e o lixo embora e não podem copular perto do parquinho. E o sexo deve ser limitado para a noite.”DAVE CLARKE OPINAO britânico residente em Amsterdã Dave Clarke elogiou a iniciativa, dizendo que, se cada um faz o que bem quer cuidando de si e ninguém fica ferido ou ofendido, não há problema algum. “Tenho certeza que todo mundo já transou num parque em algum momento da vida”“Me incomoda o fato das pessoas fora da Holanda se importarem tanto com essas coisas”, opinou o überlord do techno. Dave fugiu de comentar as sugestões de que os holandeses são mais mente-aberta e entusiásticos sobre sexo do que os outros países europeus. “Eu não acredito em estereótipos sexuais por país.”

domingo, 9 de março de 2008

08 de março Dia Internacional da Mulher

Mulheres,

Simone de Beouver (parceira de Sarte - filósogo do existencialismo);
Gala - musa inspiradora de Salvador Dalí - (pintor surrealista);
Julieta - construção histórica e idealizada da mulher criada pelo escritor William Shakespeare;
Zaha Hadid - Arquiteta israelense;
Lina Bo Bardi - Arquiteta Brasileira (que italiana que nada);
As arquitetas e Urbanistas Uberlandenses;
As arquitetas e Urbanistas Mineiras;
As arquitetas e Urbanistas Brasileiras;
Jane Jacobs - urbanista Norte-americana (urbanista??)
Janes Joplin
Madre Tereza de Calcutá;
Maria - aquela senhora, mãe de Jesus;
Madalena - aquela senhora..... de Jesus;
Atenas - cidade grega;
Camille Claudel - escultora: amante de Rodin;

Carla Péres;
Íris Steffaneli;
A última capa da Playboy;
Marilin Monroe;

Dilma Roussef;
Marta Suplici (a do relaxa e goza);
Hillary Clinton;
Mônica Levinski;
Rosa Luxemburgo;
Roberta Close (vai me dizer que não é?);


Não quero marcar semelhanças. Quero acentuar as diferenças. Os critérios de julgamento ficam a cargo do seu repertório ou até mesmo do seu preconceito.

Ah... as mulheres ... encerram em si a contradição. Simplificar entre boas e más; reduzí-las à sensualidade, produto cotidianamente vendido nas bancas, tv, cinemas e sites pornôs seria uma perversidade. Humanas, demasiada humanas. Ou produtos do capitalismo aumentando o número do exército de reserva do mercado de trabalho? Ou seriam empreendedoras de sucesso? Ainda cultivam a esperança de serem realizadas somente se possuírem uma família como as das propagandas de margarina??? As diferenças biológicas seriam suficientes para encerrá-las na condição de passivas??? O que é a mulher senão invenção histórica e cultural, que varia no tempo e no espaço. Mas entre este mar de interpretações, fincarei minha âncora nesta: se procurarmos no fundo, no fundo, qualquer diferença fundamental, ficaremos surpresos de verificarmos que a linha de fronteira entre homens e mulheres é tênue. Mas prefiro a criação humana. Não do que foi. Mas a potencialidade do que pode ser. Mulher, criação cultural. Variando no espaço e no tempo. Possível de novas revoluções silenciosas.

sábado, 8 de março de 2008

Como o "New York Times" inventou Fidel Castro.

Este não é um daqueles conteúdos alarmantes e revolucionários que vira e mexe estão em nossos e_mails. Pretende somente incentivar a leitura do mundo e principalmente das informações que nos chegam via jornais com uma pergunta em mente: a quem interessa tal construção ideológica? A sua opinião você mesmo forma ou quem sabe até muda. Boa leitura!

09/03/2008
(pode também ser lido no site da do UOL, no espaço para assinantes)

Como o "New York Times" inventou Fidel Castro

Julie Pêcheur

'Em fevereiro de 1957, Castro foi dado como morto depois de um desembarque catastrófico em Cuba. Perdido na montanha com um punhado de rebeldes, ele parecia condenado ao esquecimento. O encontro com um jornalista do "The New York Times" iria lhe conferir uma estatura internacional.'


Em fevereiro de 1957, Castro foi dado como morto depois de um desembarque catastrófico em Cuba. Perdido na montanha com um punhado de rebeldes, ele parecia condenado ao esquecimento. O encontro com um jornalista do "The New York Times" iria lhe conferir uma estatura internacional.Julie PêcheurDurante sua última viagem aos Estados Unidos, por ocasião da Cúpula do Milênio da ONU, em setembro de 2000, Fidel Castro encontrou tempo para ir ao "The New York Times". Enquanto percorria os corredores do célebre jornal, diante dos retratos de personalidades que marcaram o século, ele exclamou de repente: "Onde está o retrato de Herbert Matthews? Esse sim era um jornalista!" Mas, apesar de 36 anos de serviço como grande repórter e editorialista, Matthews não faz parte das lendas oficiais do "New York Times".Por outro lado, a 2.500 quilômetros de Manhattan, no Museu Nacional da Revolução em Havana, o jornalista americano encontrou lugar em uma vitrine, em meio a uniformes militares, retratos de revolucionários e velhos fuzis. O vemos em uma pequena foto preto-e-branco, sentado em plena floresta, de charuto nos lábios e caderno na mão. Ao seu lado, o jovem Fidel Castro também acende um charuto."Desembarque patético"Essa cena pouco conhecida ocorreu em fevereiro de 1957, no crepúsculo úmido da Sierra Maestra, uma região montanhosa no leste de Cuba. Três meses antes, Castro ainda se encontrava no México, onde se havia exilado depois de passar um ano e meio na prisão por sua participação, em 26 de julho de 1953, no ataque de La Moncada, um quartel do exército de Batista em Santiago. Convencido de que os cubanos, desesperados com a violência e a corrupção do regime, estavam prestes a se rebelar, ele havia elaborado e divulgado publicamente um plano muito simples: desencadearia uma insurreição popular em todo o país, fazendo coincidir seu desembarque no sudeste da ilha com um levante previsto em Santiago de Cuba.Em 25 de novembro de 1956, Fidel Castro e 81 companheiros embarcam em um velho iate, o Granma. Sacudido pelo mar forte e chuvas torrenciais, a frágil embarcação se perde nos manguezais cubanos e chega dois dias atrasada. As metralhadoras de Batista a esperam. Informado do projeto, este último já esmagou sem dificuldades o levante de Santiago. É uma hecatombe. Os corpos de Raúl e Fidel Castro são oficialmente identificados e enterrados pelo exército.No entanto, uma dezena de sobreviventes - entre os quais os irmãos Castro e Ernesto Guevara - consegue chegar às montanhas. Em 4 de dezembro de 1956, um editorial do "The New York Times" intitulado "Os violentos cubanos" se interroga sobre o objetivo desse "desembarque patético de cerca de 40 jovens que se consideram um exército invasor". O editorialista não se conforma que o chefe dessa aventura, Fidel Castro, pudesse deliberadamente revelar seus planos antes da operação. "Pode-se imaginar uma coisa mais idiota?", ele se interroga, antes de concluir: "Não há a menor chance de que uma revolta tenha sucesso nas atuais circunstâncias", referindo-se ao poderio militar de Batista.Instinto intactoEfetivamente, um mês depois, o pequeno grupo que sobrevive na floresta com a ajuda de camponeses locais parece condenado ao esquecimento. A imprensa cubana estava censurada e Castro compreende que deve contatar a imprensa estrangeira para convocar a opinião pública para sua causa. Ele envia um mensageiro a Ruby H. Phillips, a correspondente do "New York Times" em Havana. Conhecida demais das autoridades locais para realizar pessoalmente essa reportagem, Phillips contata o jornal em Nova York, que então envia Herbert Matthews.Disfarçados de turistas, Matthews e sua mulher, Nancy, partem para a província de Oriente, onde se encontram os homens de Castro na cidade de Manzanillo. Ao cair da noite, os rebeldes conduzem Matthews através dos canaviais e escapam de uma barreira do exército fazendo-o passar por um rico investidor americano. Terminam atravessando a floresta a pé. A subida é íngreme, o terreno escorregadio. Sim, Matthews já viu outros: ele cobriu a Guerra Civil espanhola, a campanha da Itália... Mas, aos 57 anos, esse homem alto e magro não está mais em sua melhor forma.Seu instinto está intacto, porém. Enquanto espera a noite toda, sentado sobre um cobertor, pela chegada do chefe dos rebeldes, Matthews pressente que talvez se trate de um momento histórico. De fato. O jovem Fidel Castro chega finalmente e lhe dá uma entrevista de três horas - o "furo" de sua vida. "Havia uma reportagem a escrever e uma censura a vencer", escreveu Matthews em suas "Memórias". "Foi o que fiz, e nem Cuba nem os Estados Unidos seriam os mesmos depois disso." Dois dias depois, Nancy esconde em sua cinta as anotações do marido, que trazem a assinatura de Castro como prova de autenticidade, e os Matthews voltam aos Estados Unidos. Em 24, 25 e 26 de fevereiro de 1957 o "New York Times" publica três grandes artigos, dois deles na primeira página. Eles descrevem em detalhe a corrupção do regime Batista e as atrocidades cometidas pelo exército, ao mesmo tempo denunciando o apoio militar e diplomático dos Estados Unidos ao regime.Rebelde carismáticoEssa análise recusa categoricamente a linha oficial que faz de Cuba uma ilha próspera e dócil governada por um regime favorável aos interesses americanos - visão que perdura entre o governo e o público americanos, apesar dos sinais crescentes de forte descontentamento popular. Matthews elogia todos os grupos de oposição, mas diferencia e promove ao primeiro plano Fidel Castro e o Movimento 26 de Julho (dia em que, três anos e meio antes, Castro atacou La Moncada). Ele está convencido por esse rebelde carismático de 30 anos. Afirma que seu programa político é vago, matizado de nacionalismo, de anticolonialismo e antiimperialismo, mas salienta que Castro não sente qualquer animosidade em relação aos Estados Unidos. O jornalista estima que esses rebeldes são portadores de "uma mudança radical e democrática para Cuba, e portanto anticomunista". Enfim, ele anuncia que os guerrilheiros "dominam" militarmente a Sierra Maestra e humilham regularmente a flor do exército cubano. Ele cita Fidel Castro descrevendo suas tropas, "grupos de dez a 40 combatentes", e ele mesmo avalia o entorno do guerrilheiro em cerca de 40 homens. Na realidade, o Movimento 26 de Julho não tem mais que 18 combatentes, motivados e solidamente idealistas, mas mal armados e completamente isolados.Dois anos depois, Castro contaria no Overseas Press Club, em Nova York, diante de um Herbert Matthews um pouco incomodado, que enganou o repórter: durante a entrevista seus homens trocaram de roupa e giraram ao redor do jornalista para dar a impressão de que eram mais numerosos. Raúl chegara a interromper a entrevista para dar notícias de uma "segunda coluna" imaginária.Irritado com os artigos do "Times", Arthur Gardner, o embaixador dos Estados Unidos em Havana, se apressa a tranqüilizar Washington: "Batista tem a situação "sob controle". O comandante militar da província de Oriente, cujos homens são encarregados de eliminar os últimos rebeldes, afirma que "as declarações desse jornalista americano são absolutamente falsas, pois é fisicamente impossível ir à região onde a entrevista imaginária teria ocorrido, pois "ninguém pode penetrar nessa zona sem ser visto". "Na minha opinião", ele conclui, "Matthews nunca pôs os pés em Cuba."Na ilha, porém, as reportagens têm o efeito de uma bomba. Castro, que enviou um de seus homens a Nova York para fotocopiá-las com urgência, manda distribuir às escondidas milhares de cópias em Havana e em Santiago de Cuba. Alguns dias depois, Batista suspende temporariamente a censura, permitindo que as rádios e os jornais locais comentem os artigos do "Times": assim, todos os adversários do regime ficam sabendo que Castro está vivo e que a luta continua. Uma propaganda inesperada. Para salvar a face, o ministro da Defesa cubano declara então que "o senhor Matthews não entrevistou o rebelde comunista Fidel Castro" e que "a entrevista e as aventuras descritas pelo correspondente Matthews podem ser consideradas um capítulo de um romance de ficção". Ele se surpreende de que o repórter não tenha aproveitado para se fazer fotografar junto com Castro para autenticar essa fábula. "The New York Times" se apressa então a publicar a declaração do ministro, acompanhada da foto tirada por um dos rebeldes, hoje exposta no Museu de Havana. Batista está convencido de que se trata de uma montagem.Mas o presidente do Banco Nacional de Cuba entendeu. Então ele lhe sussurra: "Se está publicado no 'New York Times', é verdade em Nova York, é verdade em Berlim, em Londres e em Havana. Você pode ter certeza de que o mundo inteiro acredita nessa história". A seqüência é conhecida. Em 8 de janeiro de 1959, depois de dois anos de combates, Fidel Castro faz uma entrada triunfal em Havana com milhares de guerrilheiros. Já faz dois anos que Herbert Matthews, que se tornou o "senhor Cuba" no "New York Times" desde aquela famosa entrevista, escreve quase todos os artigos e editoriais sobre o assunto. Ele nunca se afastou de sua primeira impressão: Castro não é um comunista, repete. Ele implora que os americanos ignorem seu mau humor e suas declarações intempestivas. Chega a lhes pedir que apóiem essa revolução social e adverte que, no contexto da Guerra Fria, a deterioração das relações com Cuba faria a ilha cair na trama dos comunistas, que já tentam se apropriar da revolução.Responsáveis pelo fracassoMas em 1960 a linha vermelha é cruzada: a reforma agrária fere diretamente os interesses econômicos americanos e as relações diplomáticas ficam perigosamente tensas. No "New York Times", Matthews é gradualmente marginalizado, considerado culpado de subjetividade. Ele continua escrevendo editoriais, mas não é mais enviado a Cuba. Em janeiro de 1961, o presidente Eisenhower rompe relações diplomáticas com Havana; a revolução desliza para o comunismo - os Estados Unidos perderam Cuba. Para a direita americana, os aliados de Batista e a imprensa conservadora, Herbert Matthews e "The New York Times" são e continuam sendo até hoje os responsáveis por esse fracasso.Em 1960, o embaixador Earl T. Smith, que substitui Gardner, acusa o jornalista de ter influenciado o Departamento de Estado americano. Diante do subcomitê do Senado para assuntos internos, ele anuncia que as reportagens do "New York Times" "permitiram que Castro adquirisse uma estatura internacional e um reconhecimento mundial. Até então havia sido apenas mais um bandido nas montanhas de Oriente ...". No mesmo ano, uma caricatura publicada na revista conservadora "The National Review" mostra Castro montado em Cuba, com a legenda "Encontrei meu emprego no 'New York Times'". Em uma carta dirigida a seu amigo Ernest Hemingway, encontrada durante a Guerra Civil espanhola, Matthews conta que manifestantes se reuniram diante do prédio do "New York Times" para protestar contra ele. "O que tenho sofrido ultimamente!", ele se queixa. Está profundamente decepcionado com o rumo que tomam os acontecimentos, tanto em Cuba quanto nos Estados Unidos. Mas continua convencido de que não se enganou, que Castro não é comunista, que operou uma aproximação pragmática com esse partido somente a partir de 1960.Depois de ter recebido ameaças de morte, o jornalista é colocado sob a proteção do governo. Ele deve deixar precipitadamente a tribuna da Universidade do Novo México depois de um alerta de bomba. Também é excluído da Associação Interamericana de Imprensa e prefere evitar o Overseas Press Club. Em 1965 o próprio Eisenhower o acusa de ter "quase sozinho" feito de Castro "um herói nacional".Mesmo depois de sua morte, em 1977, 20 anos depois de seu encontro com Fidel Castro na Sierra Maestra, Matthews continuou sob o ataque dos conservadores. Em 1987, William Ratliff, um pesquisador do Instituto Hoover da Universidade Stanford, ainda diria: "Raramente na história um único escritor teria dado o tom com tanta influência (...) quanto a um personagem, um movimento, um fenômeno histórico". Herbert Matthews sempre negou ter "feito" Castro. Aos olhos dele, tratava-se apenas de "um homem prometido a um destino fora do comum, que teria acabado se impondo de qualquer maneira". É muito provável. Mas os artigos do "New York Times" talvez tenham acelerado o curso da história.